quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Islã no Japão

Essa pesquisa não foi fácil, assim como na minha pesquisa de Judeus No Japão, me deparei com muito post e link de coisa pra lá de religiosa e até mesmo preconceituosa. E como o assunto é islã, teve muito mais disso. Mas devo dizer que a pesquisa até que foi fácil. Bem, vamos nessa.
Muçulmanos começaram a chegar e formar uma grande população e construir mesquitas lá pela década de 1930. Em 1931 foi erguida a mesquita de Nagoya e em 1935 uma em Kobe. Em 1938, outra seria erguida dessa vez em Tókio. Está foi construída pelos tártaros, imigrantes muçulmanos fugindo da Rússia durante a Revolução Socialista. Os primeiros contatos na Era Moderna aconteceram no final do século XIX com os britânicos e holandeses abordando no Japão com tripulação com membros indonésios. Uma figura importante foi Shumei Okawa, acadêmico e primeiro a traduzir o Corão para o japonês (aparentemente é errado dizer "o Alcorão, porque 'al' quer dizer 'o' então ficar o o Corão). 
A mesquista de Tókio, ou Tokyo Camii, é a maior do Japão, com influência claramente turca, ou na época, do império Otomano, com alguns ornamentos importados inclusive. A mesquita passou por uma reforma em 1986 por questões de estrutura e segurança e foi reaberta em 2000. 
Nela, acontecem desfiles, festivais, cerimônias e aulas incluindo árabe. Ela é mantida pelo ICJ (Centro Islâmico do Japão), fundada em 1966. 
Atualmente a população de muçulmanos no Japão é de 70 mil a 120 mil, com 10% sendo japoneses. Segundo está fonte http://www.islambr.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1032:aumenta-o-numero-de-mesquitas-no-japao&catid=71:cotidiano-capa o islã no Japão parece ser conhecido, pelo menos em um documento, desde o século VIII. Só deixando uma nota de que apesar de 70 mil serem muitas pessoas, só enche uma arena ultra-moderna de futebol. É uma minoria, e bota minoria. É bem pouco o que tem quando se compara com o número total da população japonesa. 
O número de imigrantes no Japão é explicado pelo fato de ter começado ainda na Era Meiji, com envios de japoneses para o mundo após o período Tokugawa em que o Japão ficou isolado do resto do mundo por centenas de anos. Diplomatas foram enviados para o Império Otomano e Oriente Médio. Registros árabes também mencionam o Japão, especialmente quando fala-se da Rota da Seda. https://en.wikipedia.org/wiki/Islam_in_Japan
Um registro português de 1555 relata um muçulmano que "pegou carona" numa embarcação lusitana durante o contato com o Japão e conta que ele pregava para os locais. 
Vale destacar que o número de mesquitas, que eram menos de 10 no Japão na década de 1970, hoje já é bem mais que isso em um intervalo de tempo curto para o feito http://www.islambr.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1032:aumenta-o-numero-de-mesquitas-no-japao&catid=71:cotidiano-capa 
A Grande Liga Muçulmano do Japão (nome traduzido literalmente para o português) foi a primeira organização oficial de muçulmanos no Japão. A organização tinha apoio especialmente por serem contra o imperialismo ocidental no país e havia então intercâmbio entre acadêmicos islâmicos e japoneses, mas o principal objetivo ainda era difundir o que é islã. Grupos nacionalistas então tinham uma proximidade e foi o Ajia Gikai que conseguiu que o islã fosse considerada uma religião oficial, ao lado do budismo, xintoísmo e cristianismo. 
Na invasão japonesa a China durante a Segunda Guerra, soldados tiveram contato com a religião e alguns voltaram e formaram uma organização muçulmana de japoneses, fundada e liderada por Sadiq Imaizumi.
Atualmente o governo japonês tem duas visões quanto aos muçulmanos. Por um lado, há, como muitas nações, especialmente depois do sequestro e execução de dois japoneses pelo Estado Islâmico, medo, precaução e vigilância um tanto discriminatória. Porém, também querem atrair mais turistas islâmicos, assim como muitos empresários, mas é esperado que um pouco mais de repressão venha, por causa do aumento de poder dos conservadores na política do país. http://www.ipcdigital.com/nacional/japao-se-esforca-para-atrair-turistas-muculmanos/
Os primeiros japoneses convertidos ao islã que se tem registro são Kotaro Yamaoka, que viraria Omar Yamaoka e que conseguiu a autorização do sultão no império Otomano para construir a mesquita de Tókio. Ele teve nessa decisão influência do escritor russo Abdürreşid İbrahim, se convertendo em Bombaim em 1909. Outro dos primeiros foi Bunpachiro Ariga que se converteu nas Índias quando estava lá só para negócios, mas foi influenciado pelos locais, adotando o nome Ahmed Ariga. Outro foi Yamada Toajiro, que servia como cônsul do Japão no império Otomano, embora não de forma oficial. Por muitos anos foi o único comerciante japonês em Istambul. 
O único japonês a se tornar Imam foi Shaykh Ibrahim Sawada. 
Na década de 1970 xiitas, paquistaneses e iranianos começaram a chegar no Japão. Outro boom de imigrantes aconteceria na década de 1980, por causa de conflitos na região e crise. 
Os números sobre a população islâmica no Japão não são confiáveis, pois o governo não faz esse tipo de cálculo, ou seja, não conta quantas pessoas de cada religião existem no país. 
Uma última curiosidade, ultimamente, a moda lolita, que são vestidos ultra-fofos e frescos (na minha opinião) e que são moda entre as adolescentes no Japão começou a pegar, timidamente, mas já pegou, em algumas meninas muçulmanas que modificam suas vestimentas e ao que tudo indica, não há nada que proíba esse tipo de coisa. Para saber mais, veja este vídeo documentário "Meeting Muslim in Japan" https://www.youtube.com/watch?v=AFlDorHeYUs e se quiser um extra, mais engraçado e no formato de vlog, há o "Being a Muslim in Japan" https://www.youtube.com/watch?v=QIBsjtSYC0g

domingo, 3 de janeiro de 2016

O Primeiro Carro Japonês

A indústria de automóveis começou na Era Meiji, isso mesmo, aquela em que o comodoro Perry forçou a abertura do Japão para o mundo, o imperador deixou de ser uma pessoa com um cargo figurativo, de novo, para mais uma vez, ser o principal governante. E nisso japoneses foram enviados para o mundo para ver como estavam as coisas e que decidiram que tinham que desenvolver uma indústria o mais rápido possível para se equiparar ao Ocidente.
Em 1904, Torao Yamaha, isso mesmo, Yamaha, que além de motos produz excelentes pianos, produziu o primeiro ônibus do Japão. Um grande marco para uma nação que não viva então só de carroças, cavalos, barcos e dos próprios pés. E pouco tempo depois, 1907, Komanosuke Uchiyama, produziu o primeiro automóvel inteiramente nipônico.
Tratava-se do Takuri.

Na foto acima, podemos ver Komanosuke Uchiyama em seu belíssimo carro. O primeiro à gasolina do Japão. Uma figura importante para que isso se tornasse possível foi Shintaro Yoshida, que viu os carros dos EUA e pegou peças para o Japão e se aliou a Komanosuke para a fabricação. O modelo, como podem ver, tem clara inspiração nos modelos ocidentais.
As primeiras empresas nesse ramo no Japão foram a Kunisue, Tokyo Motor, Kwaishinsha, Jitsuyo Jidosha Seizo (essas duas últimas se fundiram em 1926, criando assim a Nissan, na época, a DAT), Hakuyosha e lá em 1936 é que a Toyota, uma indústria têxtil, passou a produzir automóveis, que eram caminhões para o exército.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Judaísmo no Japão

Sabia que existem negros judeus na África? E que Israel já fez uma missão de resgate para ajudá-los? Incrível essa história. Mas há outra que também é interessante, embora admita, não tão boa quanto a de um povo que se diz descendente do rei Salomão.

Estou falando é claro dos judeus no Japão. O primeiro contato desse antigo povo e o primeiro a ser monoteísta aconteceu no século XVI quando comerciantes portugueses e holandeses chegaram ao Japão. Mesma época em que armas de fogo foram introduzidas no país, além do cristianismo. Como se sabe, os ocidentais e estrangeiros, gaijins, ficaram proibidos de entrar ou ficar no país durante o Xogunato Tokugawa, então uma comunidade judaica de fato só foi feita após o comodoro Perry forçar o país a abrir seus portos.
1861, Yokohama, surge o primeiro assentamento judaico e em 1865 o primeiro cemitério judio. Perto de 1900, já havia 50 famílias no local, suficiente para frequentar uma sinagoga. Nagasaki era uma comunidade judaica com o dobro de famílias. Lembrando que na época muitos estavam fugindo da Rússia por causa do pogroms Russian, para exemplificar, o czar Nicolau II viu que o império estava numa crise feia e botou a culpa nos judeus, mas sem persegui-los como fez Hitler.
A Guerra Russo-Japonesa não foi muito boa, com prisioneiros de guerra judeus do exército russo. O terremoto de Kanto de 1923, um dos maiores da história, obrigou muitas famílias a saírem de Yokohama e se mudarem para Kobe.
A comunidade judaica cresceu muito nos anos seguintes, chegando a 30 mil indivíduos, provenientes da Rússia, Oriente Médio, Ásia Central e Alemanha. Muitos por razões econômicas, como muitos japoneses fizeram na época ao migrarem para os Estados Unidos, Brasil, Peru e outros países. Hoje, a comunidade judaica mais importante do Japão é a de Tókio, ainda mais por ser a cidade que contém a embaixada israelense.
Essas informações eu peguei do blog Nova Geração, clicando no link a seguir você pode ver o post completo http://judeusbrasil.blogspot.com.br/2011/10/judeus-japoneses-sabores-lembrancas.html ou na Wikipédia https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_the_Jews_in_Japan
Bem, agora a coisa pode ficar um pouco mais interessante. O que você leu até agora são fatos, passaremos então para a teoria de que os japoneses são descendentes dos judeus. Choque.
Bom, pelo que entendi, existe as Dez Tribos Perdidas. Isaque gerou Esaú e Jacó, que por sua vez gerou doze filhos que formaram 12 tribos e delas descenderam os judeus. Quando os assírios invadirem o reino de Israel, só 2 tribos, as de Judá e Benjamin, não passaram pelo processo que os assírios faziam de misturar os povos, pegando parte da população dominada e levando para outro local de seu reino e colocando no lugar uma parte de seu povo. De modo que os descendentes não ficassem mais reconhecíveis. Daí vem as 10 tribos perdidas e essa teoria diz que os japoneses são descendentes de uma dessas tribos.
João Rodrigues, um missionário, em 1608, embora tenha desacreditado sua afirmação posteriormente, disse acreditar que os chineses e os japoneses eram descendentes das tribos perdidas.
Nicholas Mcleod apresentou essa teoria em Tókio em 1870. A teoria é mais ainda sustentada com o fato de que a etnia dominante no Japão, os Yamato, vieram de algum lugar da Ásia para o Japão e então se tornaram o povo dominante contra os Jomon (primeira civilização do Japão) e os ainus. Eles formaram o reino Yamato. Ya-Umato é uma expressão em hebraico para Reino de Deus. Outras suposições são feitas, como o termo "samurai" ser semelhante ao hebraico "samária". Além de uma semelhança entre as religiões do xintoísmo e do judaísmo.
Existe também a teoria de que os tengu fossem judeus. Tengus são espíritos das montanhas, que invadem os sonhos e podem ser bons ou maus. E o mais marcante neles, sem querer espalhar estereótipos, são seus enormes narizes. Outra coisa usada como argumento é o Festival Tanabata, em que são feitos pedidos, que são escritos em pedaços de papéis e colocados em bambus, o que lembra o Muro das Lamentações. Além de que existem relatos de judeus no Japão antes da chegada dos comerciantes europeus, embora, não signifique que todos os japoneses fossem judeus, nem de longe.
Mas tudo não passa de teoria. Mas se quiser saber mais, veja a entrevista de Joseph Eidelberg, que pesquisa o assunto há muito tempo e confira o que ele tem a dizer sobre se os japoneses são descendentes dos judeus ou não   http://merceariasukiyaki.com.br/origem%20dos%20japoneses%207.html
Resultado de imagem para judeus japonesOutra conexão entre Japão e judeus é Chiune Sugihara, que falarei mais detalhadamente em outro post, por enquanto só precisa saber que foi embaixador do Japão na Lituânia durante a Segunda Guerra Mundial e contra ordens de seu governo, emitiu vistos para os judeus através da URSS fugissem da Lituânia e fossem para Sanghai (sob domínio do império do Japão) ou a cidade de Kobe, que como já vimos, possuía uma grande comunidade judia. Muitos foram para outros países como EUA, Austrália, Canadá, o Estado Britânico da Palestina, e outros poucos ficaram no Japão ou na Ásia. Chiune Sugihara é o único japonês com uma honraria de Israel.
Por fim, temos o plano Fugu, mostrado no livro de autoria do rabino Marvin Tokayer. Segundo ele, o Plano Fugu, idealizado em 1934 e que teve mais chance de ser feito em 1938, tratava-se de colônias judias na Manchúria e na China. O Japão estaria com problemas financeiros para que compensasse o domínio sob essas terras e suas matérias-prima, e com colônias judias, receberiam apoio de empresários judeus do ocidente. Essas colônias seriam compostas principalmente por judeus fugindo da Europa, mas apesar de terem autonomia, ainda estariam sob o controle do Japão. Fugu, um peixe venenoso que se não for bem preparado pode matar. Era essa a visão que, segundo Tokayer, os japoneses tinham desse plano, pois havia o receio do perigo judeu, feito pela propaganda anti-semita da época na Europa e que se espalhou pelo mundo.
Resultado de imagem para marvin tokayerAinda, Tokayer relata que o Japão não obedeceu as ordens da Alemanha nazista de deportar ou matar os judeus sob seu controle, ou por acreditarem que eles tinham riquezas que poderiam dar depois (culpa também da propaganda anti-semita que dessa vez pode ter salvado) ou como forma de gratidão ao empresário judeu Jacob Schiff, que doou uma quantia enorme para o Japão que ajudou a derrotar a Rússia.
Fato é que os japoneses na época queriam apoio dos judeus para investimentos, principalmente os dos EUA, o que não pôde ser tão bem feito com o Japão ao lado da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, mas que por essa intenção de querer proximidade com os hebreus, o país se tornou um local seguro contra o Holocausto.
Marvin Tokayer baseou sua pesquisa nos documentos Kogan, encontrados em um sebo de Tókio que contam sobre o projeto das colônias, além de entrevistas com várias pessoas da época, inclusive Chiune Sugihara. Para saber mais, veja o link aqui http://www.morasha.com.br/antissemitismo/os-judeus-os-japoneses-e-a-historia-do-plano-fugu.html
Atualmente restam poucas famílias de judeus no Japão, embora em número de centenas de indivíduos, muitos em Kobe, mas a maioria residindo em Tókio. Desde 1920 há alguma ação anti-semita incentivada por tabloides e grupos marginais. Muitos visitam o centro em homenagem a Chiune Sugihara.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Mochizuke Chiyome

Mochizuke Chiyome foi uma notória ninja do Japão Feudal. Sim, existiram mulheres que foram samurais e ninjas e, embora não fossem maioria nem sejam tão famosas quanto seus colegas masculinos (embora eu duvide que se você perguntar para alguém na rua um nome completo de um samurai ele consiga responder), com certeza dá o que falar. 
Ela foi esposa de Mochizuke Moritoki (lembrando que no Japão normalmente se usa o sobrenome antes do nome pessoal), um samurai importante do território de Saku. Moritoki foi morto na Quarta Batalha de Kawanajima, no Período Senkogu, em que havia uma disputa de poder entre Takeda Shingen e Uesugi Kenshin. Vale constatar que esses dois são dois dos samurais e também, pessoas, mais importantes da história do Japão. 

Moritoki era inclusive sobrinho de Takeda Shingen (era comum na época os casamentos entre famílias para fortalecer ou criar alianças entre os clãs, muito semelhante ao que as famílias dos nobres europeus faziam durante a Idade Média ou Período Feudal. 
Chiyome passou a ser cuidada por Takeda Shingen (numa promessa feita para Moritoki que, caso ele morresse, Shingen teria que cuidar de sua esposa), que decidiu utilizar a mulher para recrutar outras e criar uma rede de kunoichi, que é o termo para mulheres ninjas. Uma estratégia que é a marca de Takeda Shingen, utilizar ninjas contra seus rivais. Vale ressaltar que os ninjas ao contrário dos samurais, agem nas sombras, sem apresentações, atacando pelas costas, roubando informações, sabotando e embora tudo isso os torne perversos, os ninjas possuíam sim um código de honra. 

A rede de ninjas de Shingen era muito eficaz em roubar informação e enviar mensagens para seus aliados sem que fossem interceptadas. 
As kunoichi faziam tudo que os ninjas normais, manuseio de armas, assassinato, roubo ou entrega de informação, mas também seduziam os homens, fosse para distraí-los ou o que fosse mais conveniente par ao momento. Chiyome também ensinava as funções de uma miko, espécie de sacerdotista, para assim passarem despercebidas, ou seja, era apenas um disfarce e que permitia que viajassem de um lugar para outro sem levantar suspeitas. Não só as tarefas e habilidades eram ensinadas, com também a religião para tornar completo o disfarce.Chiyome foi escolhida por pertencer a uma família muito ligada a escola de ninjas em Koga, fundada por Mochizuke Izomu-no-Kami (que alguns acreditam ser parente de de Chiyome). Ela passou a liderar um grpo que atuava na região de Shinshu onde hoje estão as cidades de Tomi e Nagano. Ela passou a recrutar prostitutas, órfãs e mulheres abandonas, resultada das guerras no período Senkogu que levaram seu marido. Aparentemente, na época, as pessoas não sabiam exatamente o que acontecia, acreditando apenas que ela estava dando uma segunda chance na vida para essas mulheres. 


Mas este não era o único disfarce, Chiyome por exemplo já se disfarçou de atriz, gueixa e até prostituta. Estima-se que a rede de Chiyome, leal a Takeda Shingen, chegou a possuir de 200 a 300 membras.
Foi no ano de 1564 que Takeda Shingen e Uesugi Kenshin, após 11 anos de batalhas recuaram ambos suas forças, terminando no que pode-se dizer, um empate. Takeda Shingen ainda apareceria para confrontar Tokugawa Ieyasu e Oda Nobunaga com seu plano de unificar o Japão, e realmente poderia fazer isso. Mas, ele adoeceu após uma batalha, numa morte envolta em mistério até certo ponto e a partir daí, não se há mais nenhum registro de Mochizuke Chiyome. 
Hoje, é uma das figuras que vem ganhando destaque na cultura pop, não só pelos animes ambientados nessa época do Japão, como também em jogos como Magical Gains e Assa

domingo, 25 de outubro de 2015

Sociedade da Guilhotina

Sabemos muito sobre a história política dos Estados Unidos e da Europa, não só pelos filmes e séries que recebemos na TV à cabo, mas também pelas aulas nas escolas, que querendo ou não, são eurocêntricas por causa que vivemos no Ocidente e Europa e América são mais esse assunto do que Ásia e África em si, mesmo com suas importâncias.
Bom, aqui no Brasil muita gente não sabe muita coisa sobre a história política, imagine então a do Japão. Quando o Xogunato Tokugawa caiu, e iniciou-se a Era Meiji, não foi só as ideias capitalistas, democracia e outras coisas dos Estados Unidos que entraram. Também entrou o socialismo e o anarquismo. Entre os que adotaram o anarquismo, está a Sociedade da Guilhotina, nome inspirado na Revolução Francesa, por causa da guilhotina que ceifou o rei Luis XVI, Maria Antonieta, Lavoisier e até o próprio criador dela, o Dr. Guillotin.
Claro que eles eram ilegais. Especialmente porque queriam acabar com a monarquia imperial, que nem os socialistas e comunistas, que também eram ilegais. Entre seus membros estavam Daijiro Furuta, Tetsu Nakahama, Genjiro Muraki, Tomioka Makoto e Kyutaro Wada. Eles eram de ação direta e simpatizavam com outros anarquistas, como Osugi Sakae e sua companheira Ito Noe (uma das primeiras e mais importantes feministas do Japão).
Tetsu Nakahama

Alguns casos notáveis envolvendo o grupo são o assalto a banco que eles fizeram para arrecadar fundos em 1923, em que um bancário foi morto e oito de seus membros foram presos.Daijiro Furuta estava no assalto e conseguiu fugir.
Em 1924, Tetsu Nakahama e outros tentam assassinar o presidente da Kanebo Co (que pelo que vi existe até hoje e é uma empresa de cosméticos), mas o golpe dá errado e todos que participaram da ação são presos.
Ainda nesse ano eles fizeram dois atentados contra o general Masataro Fukuda, numa tentativa de vingança pelo assassinato feito pelo governo contra Osugi Sakae e Ito Noe e o sobrinho dela, em que o general agiu sob ordens do imperador Hirohito. Kyutaro Wada foi o autor do primeiro atentado com um tiro que só feriu Fukuda. Genjiro Muraki e Daijiro Furuta explodiram a casa do general Masataro Fukuda, que não estava na hora. Uma delegacia e uma linha férrea foram explodidas na ocasião também, já que já estavam com a mão na massa mesmo.
Tomioka Makoto foi o autor de duas tentativas fracassadas de assassinar o imperador Hirohito para vingar o intelectual Osugi Sakae, Ito Noe, e o sobrinho dela de seis anos. Ele acabaria sendo preso e executado.
Em julgamento, Wada é o 4º e Furuta o 2º da
esquerda para a direita
Todos os membros no final acabaram presos. Os primeiros cativos da Sociedade da Guilhotina a polícia torturava para obter informações que os levassem até os outros. Daijiro Furuta, um dos membros mais importantes, foi preso, sentenciado à morte por traição e pela morte do bancário, sendo enforcado em 1926. Tetsu Nakahama seria executado pelas mesmas razões. Kyutaro Wada cometeu suicídio na prisão após prisão perpétua.
E foi assim que a Sociedade da Guilhotina foi extinta, lembrando o fim das guerrilheiras no Brasil durante a Ditadura Militar.
Não deixem de acompanhar o blog para mais histórias.